Cozinhas também já ganham tom gourmet
terça-feira, 9 de abril de 2013
Com o advento das ilhas gourmet, reservadas para os fins de semana (leia mais no post Acerte no tom), as cozinhas usadas para o “trabalho pesado” do dia a dia, acabaram ficando em segundo plano. No entanto, isso parece estar mudando. Os projetos que o Casa selecionou para esta edição especial, bem poderiam estar servindo à alta gastronomia. Neles, até o trivial ganha um tempero especial.
Ou vários temperos. Como aconteceu na cozinha criada por Debora Aguiar, na Vila Nova Conceição, que exibe uma hortinha na bancada. E esse não é o único nicho funcional. A arquiteta planejou cada gaveteiro para acondicionar os equipamentos e apetrechos da moradora, apaixonada por cozinhar. “Pensamos em tudo como se fosse uma mesa cirúrgica, onde cada ferramenta tem sua função”, afirma.
A grande atração, porém, fica por conta do vidro vermelho, que reveste parte das paredes. “Como a cliente já tinha cadeiras vermelhas e a casa era toda cinza, sugeri essa cor para as paredes”, lembra Debora. “Deu uma levantada incrível.” Completando o mix de cores frias e quentes, a madeira – no piso e nas persianas–, dá a pitada final na cozinha, “saboreada” todos os dias.
A deste apartamento no Jardim Paulista também é usada diariamente e por várias pessoas. Além de reunir as duas empregadas e a babá, a cozinha projetada por Fabio Bruschini é o lugar onde os moradores gostam de receber os amigos. “A proposta foi fazer um meio termo entre uma cozinha americana e aquela tradicional, de azulejo branco”, conta.
No lugar dos azulejos, um revestimento à base de cimento, da Bricolagem, com aspecto manchado, que “quebra a monotonia de uma parede lisa” e não compete com a bancada vermelha e brilhante. Entre a cozinha e a copa, o arquiteto criou um vão, que também serve de apoio “para preparar aperitivos ou fazer uma refeição rápida”. Nos armários, o MDF imita aço inox, criando uma sensação de assepsia no ambiente e uma harmonia com os eletrodomésticos.
Quase industrial. Neste apartamento no Itaim Bibi, a cozinha tem até aparelho de ar-condicionado embutido, para garantir o conforto de quem prepara – ou saboreia – as refeições. Ele é mais um item da cozinha semi-industrial assinada por Leonardo Junqueira. “Fizemos o projeto em cima das solicitações técnicas desses equipamentos ‘simples’, como o fogão que dá para assar um porco inteiro”, brinca o arquiteto.
Para adequar a estrutura do apartamento ao potencial e tamanho dos aparelhos, Junqueira só deixou a pia no mesmo lugar. Os revestimentos seguem a linha das novidades do setor. Daí a bancada de silestone. E as cores mantêm a linguagem neutra adotada no apartamento inteiro. “Por causa do trabalho, a referência do cliente são os carros”, explica Junqueira. O que faz sentido, já que a cozinha é realmente uma máquina.
Na cozinha planejada por Cristina Barbara, na Vila Nova Conceição, a linguagem automobilística aparece com o vermelho Ferrari, como nomeou a designer de interiores, que sobressai das poltronas – “e dá uma levantada no astral” –, graças ao entorno todo branquinho.
Parte desse entorno é a copa, que foi beneficiada com a proposta de criar um espaço único, aproveitando a área mais generosa da cozinha. “Para integrar os ambientes, colocamos uma porta com vidro branco, que permite que a claridade chegue até a copa”, explica.
Cristina usou a mesma fórmica nos armários sob a bancada e no painel das prateleiras, que quebra a predomínio do branco. “Como o casal queria algo mais sofisticado, adotamos cores mais claras”, comenta a arquiteta, que passou longe dos revestimentos tradicionais. A bancada de silestone, o piso de porcelanato e as portas de vidro, inclusive dos armários, comprovam que a cozinha está mesmo
renovada.
Ana Paula Garrido – O Estado de S.Paulo
renovada.
Ana Paula Garrido – O Estado de S.Paulo