Família luta contra corte de uma árvore exótica
quarta-feira, 7 de agosto de 2013A Justiça de Piracicaba determinou que uma família do bairro São Dimas retire de seu jardim uma árvore exótica, conhecida como Sterculia chichá. Com 12 metros de altura, as folhas e frutos da árvore caem na calha da residência ao lado e entopem os drenos, provocando infiltrações de água nas paredes da casa vizinha. Os donos da árvore estão realizando um abaixo-assinado pedindo a preservação da chichá. As assinaturas devem ser entregues ao Tribunal de Justiça, junto a recurso.
O juiz Lourenço Carmelo Tôrres se baseou em laudo pericial para sua decisão. Segundo o perito que analisou o caso, as folhas da chichá entopem as calhas do imóvel vizinho e, com as infiltrações da água da chuva, também surgem bolores nas paredes — que podem causar problemas à saúde dos moradores. Além disso, o perito analisou que os frutos da chichá, que possuem cerca de 15 centímetros, são pesados e com características pontiagudas e, por isso, podem provocar acidentes graves.
O laudo ainda destaca que a árvore está localizada próximo a divisa das duas casas e que o jardim da família de Stwenson João Sperandio possui pouco espaço para o crescimento adequado da chichá. “Como ela vai crescer ainda mais, por não ter atingido ainda o seu ápice, exigirá, para não se desequilibrar, a expansão de suas raízes tabulares, o que irá provocar danos nas edificações, muros e alicerces”, diz a sentença.
Os vizinhos prejudicados ingressaram com a ação na Justiça pedindo apenas a poda da árvore — e não sua remoção — mas, segundo a perícia, a poda não é possível porque pode causar o desequilíbrio e queda da chichá. Diante disso e com base no Direito de Vizinhança, Tôrres considerou que a árvore extrapola o critério da normalidade, perturbando a paz e a segurança dos vizinhos.
O juiz deu prazo de 30 dias para que a família Sperandio remova a chichá, sob pena de multa diária de R$ 300. A sentença foi publicada no Diário Oficial da Justiça no dia 26 de julho e a família afirma que vai lutar pela preservação da árvore. “Essa chichá tem mais de 40 anos e é uma espécie rara. Estamos num tempo em que precisamos plantar mais árvores e não acabar com as que existem. Acho que a decisão foi extrema e vamos buscar soluções. As folhas só caem em janeiro e julho e os frutos, quando caem, já estão secos, não machucam ninguém. Eu não a deixaria aqui se ela colocasse em risco a segurança da minha família”, disse Stwenson João Sperandio, 47.
No sábado, a família começou a distribuir folhas para um abaixo- assinado em pontos comerciais da cidade e também nas universidades. Eles também buscam laudos de engenheiros florestais para anexar ao recurso que será impetrado na Justiça.
Matéria: Jornal de Piracicaba